quarta-feira, 21 de julho de 2010

A voz de Jau

A voz de Jau tem cor. É preta e vem do Olodum, da Bahia, da África, do Mundo. A voz de Jau tem sabor, é doce como a cana-de-açúcar, flambada na cachaça pura dos engenhos do nordeste. A voz de Jau tem luz, uma luz profana e sagrada, abençoada por Deus e respeitada por todos que fazem da música a sua profissão.

Uma voz que chega, para no ar, invade as ruas, ecoa nas ladeiras e conquista Roma.

A voz de Jau tem poder.

Menino moleque, nascido no Rio Vermelho em 27 de setembro de 1969, com a benção de São Cosme e São Damião. Criado entre 14 mulheres, Jauperi Lázaro é a afirmação de que a música baiana é a música mais pop do Brasil. Suas composições, interpretadas por ele e vários artistas, ensinam a entender a nova Bahia - uma Bahia que não quer perder seu passado, mas não se admite em outro lugar que não seja o Topo do Mundo. Emprestando essa sua voz para projetos como a trilha sonora do filme Ó Paí, Ó, ao lado de Caetano Veloso, Jau se firma também como um cantor baiano que passeia pelo universo do cinema brasileiro, esta outra arte que avassala e surpreende o mundo...como, aliás , a voz de Jau.

A voz de Jau tem pele, tem sangue e pulsa. Ela sangra a canção e a dor vira beleza. Uma voz que tem textura, é líquida e chove sobre nossos rostos num dia de verão.

Então, por favor, silêncio que a voz de Jau vai passar...

*Texto: Gerson Guimarães.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O cliente tem razão!

Semana passada bati um papo com alguns dos empresários da Banda Ara Ketu, que tinha Tatau como cantor e hoje tem uma cantora à frente. Como é mesmo, o nome dela?! É...

Pois é! Acredito que seja essa a reação de muitas pessoas ao serem indagadas sobre quem é a nova cantora da Ara Ketu. O nome dela é Larissa Luz. Luz?! Em 2008, não brilhou tanto quando foi apresentada aos associados do Bloco Ara Ketu, durante seu desfile no circuito Osmar (Barra-Ondina), na terça-feira de carnaval. Deve-se a isso, as críticas recebidas ao ganhar o prêmio de "cantora revelação" do Troféu Band Folia nesse mesmo ano.

Não vou negar que até eu fiquei com um pé atrás com as mudanças na banda, mesmo tendo convivido com a equipe do Ara durante os anos de 2002 e 2003. No Ara Ketu, presenciei algo muito raro depois que a Central do Carnaval surgiu: era um dos últimos blocos a ter uma clientela fiel. Fiel não só à banda, mas também à história construída pelo bloco na esfera social, como a manutenção do Instituto Ara Ketu, no subúrbio ferroviário de Salvador, em Periperi, bairro onde surgiu o Ara Ketu.

Clientes seguidores. Era comum vê-los na sede do bloco com o carnê na mão para pagamento das parcelas e frequentando os famosos Ensaios do Ara Ketu no Aeroclube. Uma verdadeira paixão!

Mas vamos voltar à reunião... Foi quando eu perguntei a Dona Vera, presidente do Ara Ketu, se esses clientes foram comunicados sobre a mudança do cantor Tatau pela novata Larissa Luz. A resposta: - Não!

A estratégia adotada foi apresentar a nova formação da Ara Ketu para a imprensa e contratantes, que não deixam de ser, também, clientes da banda. Mas não comunicaram ao seus clientes mais importantes, os que compravam a fantasia do bloco e os ingressos dos Ensaios para assistir e curtir suas apresentações no período pré-carnavalesco. Ironicamente fizeram o inverso: extinguiram o Ensaio do Ara Ketu e lançaram o projeto "O Ara vai!", onde a nova cantora participava dos eventos de verão das outras bandas da Axé-Music. Ou seja, abandono dos seus clientes fiéis em busca de um público desconhecido. Inacreditável!!!

E Larissa?! Ah... não é que a menina tem LUZ mesmo! Tive a oportunidade de acompanhá-la a um evento em que deu uma "canja" e logo me rendi a sua voz e simpatia. Fui obrigado a trazer pra frente o mesmo "pé" que havia ficado lá atrás (lembram?!).

Agora, o trabalho será árduo. Deve-se reconquistar os clientes abandonados. Mas não tenho dúvidas que, assim como eu, todos irão descobrir que o Ara Ketu continua Bom Demais!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Laços da vida.

O curta-metragem brasileiro “Laços (Ties)”, dirigido por Flávia Lacerda, venceu o concurso Project Direct, promovido pelo YouTube. A produção, escolhida em votação aberta dentre 20 finalistas, foi exibida no Sundance Festival, realizado nos Estados Unidos, em janeiro de 2008.

Laços tem 6 minutos e 43 segundos de duração e conta a história do encontro entre uma garota cujo pai acabou de morrer e um garoto misterioso, na rua.



Participaram do concurso produções dos Estados Unidos, Brasil, Canadá, França, Itália, Espanha e Reino Unido.

O projeto, feito no esquema "ajuda entre amigos" custou R$ 1.500, com gastos principalmente na parte de edição e alimentação. No fim, o investimento acabou valendo a pena, já que a equipe vai receber US$ 5.000 (R$ 8.900) de prêmio do YouTube.

Vale a pena conferir!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Acredite se quiser: Caminho da Crise.

Pois é gente, a crise mundial chegou à TV brasileira.

Hoje, dia 05, dia de pagamento, um dos elefantes contratados como figurantes da novela das oito, Caminho das Índias, não ficou satisfeito com o valor do cachê recebido e destruiu parte da cidade cenográfica no Projac (Rio de Janeiro).

A Polícia Florestal deteu o meliante, em flagrante, e levou-o para a carceragem do Zoo da cidade.

A diretoria da emissora justificou, em nota, que o valor do cachê sofreu redução em virtude da crise mundial.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um carnaval de paz!

Que esse seja um carnaval de muita paz.
Ajaiô!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Saudades da Funk Machine

Na primeira semana de fevereiro, um amigo meu, o Bolão, chegou de São Paulo para passar o período pré-carnavalesco aqui em Salvador e apresentar seu show Drummachine em algumas casas noturnas da cidade. O show do cara é massa! A mistura de percussão e DJ dá um molho especial na batida da música eletrônica, mas isso é outra história...

Logo que chegou, ele foi convidado para se apresentar na Maddre, onde dividiu o palco com o DJ Rodrigo Rodriguez, residente da boate carioca Nuth, e a banda Negra Cor. A festa, denominada Warm Up Camarote Skol, foi uma prévia do que vai rolar no Camarote Skol durante o carnaval 2009.

Uma boa parte da nata do show business baiano se fez presente. De camarote, esses “VIPs” se amontoavam no mezanino, sobre o palco, para aproveitarem ao máximo o show de Adelmo Casé e sua banda.

Eram mais ou menos 11 músicos se ajeitando no palco. Os efeitos de iluminação, como as irritantes Strobo e máquina de fumaça, davam pinta que, enfim, o show ia começar. E começou. Daí ao seu fim, o show contou com um repertório bem eclético, até demais para o meu gosto. Adelmo relembrou antigas canções da extinta Funk Machine, como Vem Me Buscar e Negra Cor, passando por músicas internacionais, as baladas românticas dos sertanejos Victor e Leo até chegar nos hits da axé music.

Aí você me pergunta: - Bruno, o que é que tem demais nisso?! E eu respondo: - Nada!

A questão é que, ao assistir ao show da Negra Cor e ver esse mesmo Adelmo Casé, que no início dos anos 2000, junto aos amigos Sidinho, Paulo Braga, Vanderson Carvalho e Alexandre Costa, formavam a Funk Machine, bateu saudade.

Nessa época, apenas esses cinco músicos no palco, interpretavam canções próprias, como Black Power e Apareceu Você, além das citadas anteriormente, e lotavam as principais casas de eventos da cidade. Traziam um repertório recheado do melhor da black music brasileira.

É triste ver tanto talento ser desperdiçando em troca de FAMA, pois foi isso que Adelmo Casé ganhou ao ser vice-campeão da primeira edição do programa homônimo, da Rede Globo. Acredito que nos dias atuais ele seja mais conhecido e até tenha mais grana do que na época que cantava na Funk Mchine.

Na minha humilde opinião, do SUCESSO, ele abriu mão quando deixou suas raízes e referências musicais para cair no badalado mundo da axé music, pois sua verdadeira “negra cor” era a Funk Machine.

Quando o modismo musical da Negra Cor acabar, na moral Adelmo, apague a luz aê...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

18 anos pintando alegria!

“A Timbalada está fazendo 18 anos, mas o início foi cinco anos antes com o grupo Vai Quem Vem.” relata Carlinhos Brown, fundador da Timbalada, ao jornalista Ivan Dias Marques do Correio*. Foi no início dos anos 90 que Brown decidiu reunir, no bairro de Brotas, mais exatamente no Candeal Pequeno, em Salvador, pouco mais de quatrocentos músicos, alunos de uma grande escola ao ar livre. A intenção era apenas aperfeiçoar os integrantes e deixar as crianças longe da marginalização.

Carlinhos Brown utilizou latas, baldes, tampas de panelas e timbaus, estes usados como base rítmica para criar a Timbalada, há muito tempo estavam restritos à percussão dos terreiros de Candomblé. Os seus pracatuns a diferem das outras bandas baianas e são recheados de idéias, ritmos, poesia, miscigenação e música popular brasileira.

Logo, a Timbalada ganhou admiradores ilustres. Em 92 foi convidada para gravar, com o músico Sérgio Mendes, o disco "Brasileiro" que lhe rendeu o Grammy. Um ano depois a banda entra em estúdio e grava seu primeiro disco, homônimo, e logo de cara se impõe pela capa que retrata os seios pintados de uma mulher negra. Nesse disco, a música Beija Flor, na voz de Xexéu, ganhou as rádios da capital baiana e se consagrou como o primeiro sucesso dos timbaleiros.

Muitas foram as mãos que construíram o sucesso que a Timbalada tem hoje. Dois grandes mestres, Fia Luna e Pintado do Bongô, imprimiram suas marcas nessa história. “... ser um mestre não significa que se sabe tudo. Ao contrário, também aprendi com eles que ser um mestre é ter a capacidade e atenção de desenvolver a aprendizagem nas outras pessoas, mas também de continuar aprendendo.” diz Brown ao jornalista.

Além de formar inúmeros músicos, que hoje são reconhecidos internacionalmente por tocarem com grandes nomes do cenário musical brasileiro, a Timbalada possibilitou o surgimento de inigualáveis vozes na música baiana. A mais marcante foi a de Ninha, tido por Braown como "Gogó de Ouro", que deixou a banda em 2006 para formar com outros ex-timbaleiros, Xexéu e Patrícia Gomes, a Tribahia. Mas por lá só ficou durante um ano. Já em 2007, ele criou e assumiu o vocal da Trem de Pouso. Alexandre Guedes é outro timbaleiro que deixou a banda do Candeal para dividir os vocias da Baianada com mais dois cantores, e hoje comanda a Motumbá. Augusto Conceição, Juju Gomes e Akira Takakura também são ex-vocalistas da Timbalada. Em 2007 foi a vez da cantora Amanda Santigo deixar a banda e seguir carreira solo. Restando assim apenas um vocalista na Timbalada, que já chegou a ter oito num mesmo palco. “... talvez a minha única decepção seja a de não ter tido talento suficiente para compreender as metas alheias para manter todas as pessoas que eu queria que estivessem por perto até hoje. Mas não tenho do que reclamar, não. Só tenho a agradecer a todos que passaram por aqui durante todo esse tempo e comemorar por essa maioridade.” desabafa o cacique, respondendo a pergunta do jornalista sobre o assunto.

Ao visitar um projeto social na cidade de Camaçari/Ba, Carlinhos Brown, além de conhecer o trabalho musical desenvolvido lá, conheceu e convidou um garoto de apenas 13 anos de idade para o ensaio da Timbalada, no Candeal. Na semana seguinte, Denny, caçula de uma família de artistas, foi ao ensaio, vestiu a camisa da Timbalada e não a deixou mais. Cantor com muita energia, capoeirista desde a infância, Denny tem uma voz privilegiada e que cativa o público de todo o Brasil e do exterior, por onde a banda já se apresentou. Com a Timbalada teve a oportunidade de se apresentar para multidões na Europa, Japão e Estados Unidos. Vem recebendo elogios de críticos e de vários ícones do show bizz como Caetano Veloso, Marisa Monte, Bell Marques, Ivete Sangalo, entre outros.

A discografia da Timbalada é composta por 12 álbuns: "Timbalada", "Cada Cabeça é Um Mundo", "Andei Road", "Mineral", "Mãe de Samba", "Vamos Dar a Volta no Guetho (ao vivo)", "Pense Minha Cor", "Timbalismo", "Motumbá Bless", "Serviço de Animação Popular", "Alegria Original" e o recém lançado "Timbalada Ao Vivo" gravado em 2007, na capital maranhense, São Luis, que originou o primeiro DVD da banda.

Esses CD e DVD reúnem os seus maiores sucessos como Mimar Você, Ashansú, Meia Hora, Cachaça, Minha História, Camisinha, Água Mineral, Toneladas de Desejo, A Latinha, entre outras, na voz de Denny e ao som Timbalada.

Presença confirmada nas melhores micaretas e festivais realizados pelo país e até pelo mundo, a Timbalada faz do Carnaval da Bahia sua maior vitrine desde 94, quando realizou seu primeiro arrastão pelas ruas da cidade de Salvador, durante os dias da folia de Momo. O sucesso foi tão grande que em 95 o Bloco Timbalada estreou no circuito Barra-Ondina ganhando três troféus Bahia Folia, seguidos de melhor bloco alternativo em 96.

Ainda em 94 o Candeal fica pequeno e os timbaleiros fazem ensaios na Mansão Fonte do Boi, no Rio Vermelho. Mas em 96, a Timbalada retorna ao Candeal, pois Carlinhos Brown inaugura o Candyall Guetho Square, a casa da Timbalada. Os ensaios de verão tornam-se muito concorridos, as celebridades começam a dar as caras e a banda ganha o país.

Chegando à maioridade em 2009, a Timbalada continua criando e experimentando ritmos contagiantes para alegrar seus fies seguidores. A banda realizou seus ensaios de verão no Museu Du Ritmo e antes do carnaval traz a Salvador um novo conceito de evento: o Timba Beats, que mistura música eletrônica e timbaus.

Vida longa a Tim-Ba-La-Da!